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EDITORIAL

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Paulo Gomes
Paulo Gomes
Conselho Editorial da Ci

Desafios para o Porto, no quadro Metropolitano e da Macro Região

O Plano de Gestão e Sustentabilidade para o Centro Histórico do Porto, aprovado recentemente pelo executivo da Cidade, contempla a salvaguarda e valorização do património tangível e intangível e medidas que contribuam para aumentar a população residente e os níveis de conforto habitacional na promoção da diversidade, inclusão, criatividade e sustentabilidade económica e ambiental. Uma das declinações deste Plano integrado prevê tornar pedonal o Centro Histórico do Porto Património Mundial apostando numa combinação inteligente de modos de transporte suaves privados ou públicos e promovendo níveis acrescidos de multimodalidade. Preservar os Centros Históricos de Porto e Gaia, melhorando a sua acessibilidade, são objetivos de primeira ordem deste Plano de Gestão no horizonte 2030. A contínua reabilitação do edificado nestes territórios é um imperativo que transcende o nível local, metropolitano ou regional. Para a sua concretização, a ritmos mais acelerados, muito contribuiria um novo paradigma de fiscalidade para quem não reabilita os imóveis ano após ano. Complementarmente, a potencial valorização imobiliária em todo o território urbano circundante a esta “coroa histórica”, vai seguramente alavancar uma dinâmica acrescida de reabilitação e qualificação urbana quer na componente residencial quer na componente de serviços.

Este ambicioso plano de resgate do espaço público contaminará positivamente toda a cidade do Porto, “coração e capital da Região Norte”, reafirmando-a nacional e internacionalmente. A expansão da rede do metro no Porto e na ligação a Gaia a efetivar-se, nos próximos anos, assim como formas inovadoras de mobilidade suave, integram o plano e dão-lhe toda a coerência.

O Porto Cidade e respetivas conurbações, o Porto Metropolitano e a Macro Região que abrange a faixa Aveiro-Braga, conquistaram nestes últimos 20 anos condições favoráveis a uma maior atração de investimento direto estrangeiro e de capital humano altamente qualificado. O potencial científico e tecnológico hoje instalado, bem evidenciado pelo papel motor das Universidades existentes, pelos Centros de transferência de conhecimento das Universidades para as empresas ou pelos polos de competitividade ou clusters em torno de setores onde a inovação tecnológica e não tecnológica são a palavra-chave, auspiciam uma progressiva subida na cadeia de valor de bens e serviços internacionalmente transacionáveis. A máquina do Estado terá também que enfrentar, com coragem, uma profunda reestruturação com redução da burocracia, a afirmação plena do digital e da transparência processual alicerçada numa estratégia de geração de economias de escala, efetiva descentralização e de novas exigências na qualidade dos serviços prestados aos cidadãos e às empresas. Todos sabemos que esta pequena “revolução”, há muito adiada, faria a diferença em matéria de atração de mais e melhor investimento no Porto e na Região.

Vivemos tempos de mudança, mas também de incerteza que nos convoca a redobrarmos a nossa solidariedade com as gerações futuras nas várias frentes da batalha: a económica, a social e a ambiental. Caber-nos-á uma responsabilidade coletiva no escrutínio das opções de investimento a realizar no território no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência e no contexto do Plano 20-30: prioridade máxima em investimentos demonstradamente reprodutivos, suscetíveis de combater o défice de produtividade das nossas empresas, de incrementar a competitividade dos nossos produtos e serviços e promover a sustentabilidade ambiental dos nossos territórios, em particular a qualidade de vida e bem-estar nas nossas cidades.

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