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EDITORIAL

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Eduardo Abreu
Eduardo Abreu
Conselho Editorial CI

PERSPETIVAS SOBRE O IMOBILIÁRIO TURÍSTICO

O investimento em imobiliário turístico destinado à venda de 2ª habitação atravessa uma fase singular. Por via da situação pandémica que atravessamos, da venda de portfolios com ativos desta natureza ou da crescente visibilidade de Portugal enquanto destino, 2022 pode ser um ano com várias operações relevantes em Portugal, com reforço da presença de investidores internacionais e de aumento e diversificação de mercados de origem da procura por produto final.

O posicionamento competitivo de Portugal – não só do Algarve – enquanto destino de investimento em segunda habitação é também real. Ao binómio “ingleses no Algarve”, acrescem múltiplas nacionalidades nesta região e outras combinações como franceses na Comporta ou brasileiros em Lisboa e no Porto.

Também as competências existentes ao nível da prestação de serviços a estes compradores ou gestão de pools de exploração turística quando não utilizam as suas habitações – beneficiando também da qualidade da gestão hoteleira nacional e do crescente interesse de operadores internacionais nesta tipologia de ativos – permite que o alinhamento do mercado seja crescente.

A última década registou um crescimento assinalável do número de dormidas de turistas internacionais em Portugal (49,1 Milhões em 2019 vs. 23,7 Milhões em 2010, um crescimento de 107%!). É consensual a importância que o desenvolvimento turístico “clássico” tem no desenvolvimento do mercado de 2ª habitação. É, por via da alavancagem das características e posicionamento do destino, assim como da experiência que os turistas têm em Portugal, possível promover produtos turístico-imobiliários que respondam, por um lado, às exigências dos investidores finais ao nível do usufruto e, por outro, permitam antecipar valorizações dos ativos e retorno associado à integração das suas unidades em pools de exploração turística.

É por isso com alguma naturalidade que se observa a evolução dos valores por m² praticados nos principais destinos, como o Algarve, AM de Lisboa, Porto ou Comporta, onde os valores de venda atingem os € 5 000 / m² em vários empreendimentos e mais de € 10 000 / m² nos dirigidos aos segmentos superiores do mercado. As velocidades de vendas são surpreendentes em alguns dos empreendimentos, inclusive com reservas e vendas significativas ainda em fase de planta.

Políticas como a Autorização de Residência para Atividade de Investimento ou o Regime Fiscal para o residente não habitual contribuem também para o atual contexto de mercado.

Também o transporte aéreo, muito discutido atualmente devido à situação da TAP ou à (não) decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa, merece um espaço neste artigo. A cobertura geográfica e ao longo de todo o ano das ligações a Lisboa e ao Algarve são determinantes para afirmar a competitividade. A ausência de voos no Inverno para o Algarve ou a perceção de perca de ligações entre destinos a partir de Portugal tem um impacto negativo na capacidade de Portugal atrair compradores de 2ª habitação. Porque querem ter uma ligação direta e possível em menos de 24h e porque não querem ter fortes limitações à deslocação durante os meses de Inverno, é central que as macropolíticas de desenvolvimento do produto Turismo Residencial tenham esta vertente como nuclear.

É assim um setor de atividade que, não obstante os desafios que passou desde Março de 2020, demonstra uma resistência assinalável, permitindo hoje antecipar com otimismo o médio prazo. Como em várias áreas de negócio, as operações e investimentos passados geram curiosidade por parte de operadores e investidores que colocam assim Portugal no seu mapa, alargando o perímetro de players que equacionam o nosso país como destino de investimento.

 

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