Revista Capa Ci Ler Edição

EDITORIAL

[ Voltar ]
Paulo Gomes
Paulo Gomes
Conselho Editorial da Ci

A DÉCADA 20-30, UMA OPORTUNIDADE PARA A INTELIGÊNCIA DO PORTO METROPOLITANO

“Na década 20-30 haverá fontes de financiamento para um grande projeto integrador do Porto Metropolitano onde coexistam os vetores da Habitação sustentável, da mobilidade inteligente, da digitalização efetiva da economia, da simplificação total dos procedimentos administrativos, de um novo paradigma para os cuidados de saúde publica"

A crise económica, social e ambiental que tem ciclicamente convocado as Instâncias Públicas, a Academia e o Cidadão comum a questionar o futuro coletivo, têm encontrado no Potencial Tecnológico instalado a tábua de salvação para a Recuperação, considerando-o o driver para formas mais eficazes e eficientes do desenvolvimento sustentável, mormente em espaços predominantemente urbanos, onde vive mais de 60% da população mundial e onde também mais transparece o conflito entre o interesse individual e o interesse marcadamente coletivo, e, por conseguinte, uma aparente contradição entre a veemência do discurso político programático e os outcomes de facto percecionados no horizonte de uma ou duas décadas. Mas também era relativamente pacífico que as cidades podiam novamente constituir-se como motoras da recuperação económica e social porque criadoras de emprego e de economias de aglomeração.

A profunda crise sanitária provocada pela COVID-19 e a inerente disrupção económica e social, convoca uns e outros a repensar o concreto modelo de desenvolvimento sustentável que almejamos se, por hipótese, for nossa prioridade visionar uma rede inteligente de Cidades, que interajam, que se complementem e que atribuam ao Território o estatuto de Bem Máximo que importa preservar, em nome da nossa sobrevivência e enquanto herança ambiental que deixamos às gerações futuras – a complexidade desta ambição reside no equilíbrio instável que um propósito desta envergadura pode gerar no plano da concretização de opções de ocupação do solo e no contexto de uma sociedade democrática. Contudo continuo a pensar que esse trade-off é exequível, haja visão para inscrever o Espaço Metropolitano do Porto na lista dos territórios inteligentes da UE.

Na década 20-30 haverá fontes de financiamento para um grande projeto integrador do Porto Metropolitano onde coexistam os vetores da Habitação sustentável, da mobilidade inteligente, da digitalização efetiva da economia, da simplificação total dos procedimentos administrativos, de um novo paradigma para os cuidados de saúde publica, para a valorização criativa da vivência coletiva e para uma escrutinada proteção dos valores da natureza e do ambiente.

Este é o melhor momento para pensarmos no futuro pós-covid se tivermos presente que as mudanças de paradigma exigem uma atmosfera de aceitação que só se atinge se houver publicness – se o conjunto da sociedade civil compreender o caminho crítico a percorrer e, cada cidadão por si só, for o ator principal de uma cicatrização do território, concretizável com o apoio de uma ampla maioria da sociedade.

Os atores locais conhecem bem as peças deste puzzle, basta quererem e atuarem conjugadamente numa dinâmica win-win.

Apoios

Últimas Edições