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EDITORIAL

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Francisco Horta e Costa
Francisco Horta e Costa
Conselho Editorial da Ci

PORTO SENTIDO

Pode ser que a letra de Carlos Tê, escrita para Rui Veloso em 1987, seja ainda um retrato

de uma parte da maravilhosa cidade do Porto, mas corre sérios riscos de ficar desatualizada

à medida que o tempo passa.

O “velho casario que se estende até ao mar”

está a dar lugar a prédios renovados, principalmente

para habitação e hotelaria, com

uma vasta oferta de restauração de qualidade.

As “pedras sujas e gastas” e os “lampiões

tristes e sós” são cada vez mais passeios reconstruídos

e limpos, assim como os lampiões

estão cada vez mais alegres e acompanhados,

nomeadamente por uma população

nova, vinda de empresas que se instalaram

no Porto nos últimos anos.

O “ar grave e sério” que Rui Veloso cantava

deu lugar a uma cidade vibrante, onde

os edifícios tem sido renovados, destapando

uma beleza e uma classe que já lá estava,

mas que ninguém se tinha dado ao

trabalho de potenciar. O Porto é hoje uma

cidade que recuperou a sua centralidade,

com a Avenida dos Aliados à cabeça, sendo

um destino turístico de excelência para

portugueses e estrangeiros, tendo também

sabido ser capaz de trazer as pessoas de

volta a esse centro, uma condição sine qua

non para o sucesso de qualquer cidade. Se

Carlos Tê escrevesse hoje a mesma letra, de

certeza que trocaria o “jeito fechado” por

esse “jeito aberto”.

E não fica por aqui. A dinâmica empresarial

do Porto, que também sempre lá esteve

(afinal a indústria de Portugal desenvolveu-

-se muito mais no Norte), é agora comple-

mentada com a ocupação de escritórios em

larga escala, vinda de empresas estrangeiras

(e não só), como por exemplo o Natixis, o

BNP Paribas, a Vestas ou a Hostelworld, só

para mencionar algumas. Projetos como a

Lionesa, o Porto Office Park ou o World Trade

Center, atraem grandes empresas e põe o

Porto no radar do mundo das multinacionais

e do imobiliário corporativo europeu. A absorção

de escritórios em 2018 irá ser quase

dez vezes superior ao melhor ano de sempre

anterior à crise e hoje em dia qualquer empresa

que se queira instalar em Portugal tem

o Porto como alternativa a Lisboa.

Para toda esta revolução muito contribuiu

a visão de quem avançou com infraestruturas

como o Aeroporto Francisco Sá Carneiro,

que há alguns anos atrás metia dó de tão

vazio que estava e hoje em dia, logo às primeiras

horas da manhã apresenta um frenesim

próprio de uma metrópole europeia

de primeira linha!

E que bom que é para o País e para o mercado

imobiliário podermos falar não só de

Lisboa, mas também de uma outra cidade

potente e rejuvenescida, com uma vasta

gama de investidores a quererem marcar a

sua presença.

Finalmente uma palavra para a vereação atual

da Câmara Municipal do Porto, pela sua es-

tratégia e aproximação aos players do mercado,

acolhendo o investimento e tentando

encontrar soluções, bem como pela assumida

vontade e coragem de catapultar ainda mais

o Porto na competição mundial de cidades

que se verifica hoje em dia.

O Porto não é mais um “milhafre ferido

na asa”, mas sim uma águia em alto voo.

Eu mudaria o nome da canção para “Porto

Destemido”.

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