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EDITORIAL

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Ricardo Guimarães
Ricardo Guimarães
Diretor da Ci

Compram casa em Lisboa investidores de 84 nacionalidades

No último ano e meio o mercado habitacional de Lisboa atraiu compradores de 84 nacionalidades. Essa é uma das principais conclusões que retiraria dos últimos números do SIR-Reabilitação Urbana apresentados na presente edição da Confidencial Imobiliário. Valorizo esse facto pois considero que se trata de um ativo da cidade: a sua consolidação enquanto destino de investimento internacional.

Quando em 2013 se lançou o programa “vistos gold” o objetivo foi precisamente contribuir a atração de capitais externos, cuja relevância era extremada pela ausência de capacidade financeira por parte dos operadores nacionais, desde instituições de crédito, a investidores, promotores e famílias. De rompante, geografias muito pouco tradicionais aderiram e, com motivações múltiplas, ajudaram a despertar a cidade, removendo-a da letargia e ausência de investimento. Os índices de preços da Ci mostram que Lisboa, e mesmo o seu Centro Histórico, estavam a desvalorizar, em linha com a realidade do resto do país. Mas, com esse despertar quebrou-se esse elo, iniciando-se uma trajetória de mercado sem ímpar a nível nacional e mesmo na história recente da cidade. 

Todos os operadores viram nesta nova realidade uma oportunidade, claro, mas percebiam um risco latente. «Até quando isto vai durar?» ou «No dia que os chineses se forem embora o mercado cai a pique!», eram algumas das manifestações da preocupação dos agentes, perante um ciclo de mercado que dependia de um programa e da ação de novos intervenientes, como as agências de emigração e outros, com forte capacidade de influência no ritmo de preços.

Os chineses são, ainda hoje em dia, uma fatia essencial das compras de habitações em Lisboa. Representaram no 2º semestre de 2017 uma fatia de 16% do número de aquisições de habitações realizadas por internacionais (tendo por referência as 11 freguesias de Lisboa tratadas pelo SIR-Reabilitação Urbana). A estes, como já sucedia antes, juntam-se os franceses, outra das nacionalidades mais presentes. Estes últimos superam mesmo os chineses, atingindo uma quota de 22% das transações (estes números invertem-se quando a análise é em valor e não em número). Mas isto já se sabia. 

Os que os últimos dados apurados mostram é (em linha com o que vinha sendo verbalizado pelos agentes) o emergir de outras nacionalidades, destacando-se a brasileira e a turca. Os brasileiros, em montante investido, passaram a ser os investidores com maior quota, superando mesmo os chineses. 

Assim, depois de quatro anos de políticas de atração de investimento internacional (e aqui estou somente a falar em compradores finais de ativos habitacionais) , chegados a 2017 identificam-se 84 nacionalidades ativas em Lisboa. 

Esta nova realidade vem trazer uma perspetiva de elevada segurança à dinâmica estabelecida, mostrando que a cidade pode ser resiliente a eventuais quebras de procura de uma ou outra proveniência. Deixou de depender de um mercado e, atrevo-me, a estar refém de agentes de intermediação externos que têm com a cidade uma relação imediatista. 

Devemos estimar todas as origens de procura. Mas não depender de nenhuma é uma segurança que se traduz numa muito maior confiança no futuro do mercado. Acompanhar quais são as novas tendências, trabalhar esses mercados e sustentar a procura é agora o trabalho que deve ser feito por todos. 

 

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